O Tempo

O tempo é o campo eterno em que a vida enxameia
Sabedoria e amor na estrada meritória.
Nele o bem cedo atinge a colheita da glória,
E o mal desce ao paul de lama, cinza e areia.
Esquece a mágoa hostil que te oprime e alanceia,
Toda amargura é sombra enfermiça e ilusória...
Trabalha, espera e crê... O serviço é vitória
E cada coração recolhe o que semeia.

Dor e luta na Terra – a Celeste Oficina –
São portas aurorais para a Mansão Divina,
Purifica-te e cresce, amando por vencê-las...
Serve sem perguntar por “onde”, “como” e “quando”,
E, nos braços do Tempo, ascenderás cantando
Aos Píncaros Luz, no País das Estrelas!

Do Livro Parnaso de Além Túmulo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Mão Divina


A luz da mão divina sempre desce,
Misericordiosa e compassiva,
Sobre as dores da pobre alma cativa,
Que está nas sendas lúcidas da Prece.

Se a amargura das lágrimas se aviva,
Se o tormento da vida recrudesce,
Aguardai a abundância da outra messe
De venturas, que é da alma rediviva.

Confiando, esperai a Providência
Com os sentimentos puros, diamantinos,
Lendo os artigos ríspidos da Lei!

Os filhos da Piedade e da Paciência
Encontrarão nos páramos divinos
A paz e as luzes que eu não alcancei.

Parnaso de alem tumulo - Francisco Candido Xavier/Antero de Quental

Jesus....(Alberto de Oliveira)



Quanta vez, neste mundo em rumo escuro e incerto,
O homem vive a tatear na treva em que se cria!
Em torno, tudo é vão, sobre a estrada sombria,
No pavor de esperar a angústia que vem perto!...

Entre as vascas da morte, o peito exangue e aberto,
Desgraçado viajor rebelado ao seu guia,
Desespera, soluça, anseia e balbucia
A suprema oração da dor do seu deserto.

Nessa grande amargura, a alma pobre, entre escombros
Sente o Mestre do Amor que lhe mostra nos ombros
A grandeza da cruz que ilumina e socorre;

Do mundo é a escuridão, que sepulta a quimera...
E no escuro bulcão só Jesus persevera,
Como a luz imortal do amor que nunca morre.