Alfabeto das Estrelas -

(Inês de Castro/Chico Xavier)
Amado rei, um dia,
fosse pela verdade ou pela fantasia,
Procurei sobre a terra
onde haveria de encontrar
o poema de amor, o mais terno e o mais lindo,
O poema de luz que me pudesse dar
A notícia de Deus na grandeza da vida.
Procurei a açucena por ser flor
de aroma estranho e raro,
e ela disse não ter para ofertar
Semelhante poema
de grandeza suprema
Porque, na essência, unicamente era
Um enfeite gentil da primavera.
Pedi ao sol esse tesouro,
mas jorrando os fotônios que produz,
Disse o sol balançando os cachos de ouro
que somente podia oferecer
Poemas de calor, de alegria e de luz.
Roguei à fonte que me desse
algum desses poemas imortais,
Mas a fonte me disse que podia
afastar-me da sede e nada mais.
Pedi à brisa me envolvesse o anseio
Nesse poemaa assim profundo,
E a brisa respondeu,alígera e singela,
Que Deus unicamente dera a ela
O poder de acalmar o calor do verão,
Quando o verão quisesse incendiar o mundo.
Então sob a fadiga da procura
Na longa caminhada
Dormi na própria estrada
E cheguei a sonhar
Que vinhas do mais alto,
de longe, muito longe,
Da imensidão celeste.
E me trouxeste, oh! Soberano amado,
o exlcelso poema inexplicado.
Nada disseste pelo verbo humano,
Mas me entregaste, amado soberano,
O poema divino em versos dos mais sábios,
Na esplendente nudez dos próprios lábios.
Então senti, precipitadamente,
Que o poema esperado
Estava todo escrito em vibrações sublimes,
em altas vibrações
E eu para entendê-las
fazia inesperadamente em mim
Um alfabeto de estrelas.
E compreendi, amado rei,
Que o poema aguardado
Era feito de luz, vida e canção
E que somente existe para mim
Por força eterna da Divina lei,
Na luz do vosso amado coração.

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